18 março 2008

Descobertas...


Arrumando minha casa de dentro juntei estilhaços de um tempo em que, cansada de sóis vazios e dessas tempestades de agonia, arremessei meu coração contra a parede. Eu descobri que algumas pessoas se juntam não por afeto, mas por tristeza encomendada. Que certas coisas que deveriam afastar, às vezes aproximam. Quando arrumei minha casa de dentro tinham muitas declarações de amor... Ergui tantas paredes rabiscadas pelo medo. Descobri, quando abri as janelas, que uma chuva muito forte também tem som de aplausos. Que na pauta dos meus lábios só cabem palavras macias. Que há que se beber do outro também a fonte de idéias para que tudo não se resuma num encontro incandescente de peles porque devemos explorar todas as qualidades do desejo. Eu descobri que tenho um jeito de gostar exagerando os fatos e que a ficção é o que mais participa da minha realidade. Mas que sempre ficou um rastro na minha pele quando ele se demorava nas carícias. E que não se pode ter a força de uma represa retendo seus próprios líquidos. Quando arrumei minha casa de dentro eu descobri que essa é uma tarefa infinita. E há que se reordenar as coisas incansavelmente pra se ter espaço pra uma cor. E que uma boa base impede um desmoronamento, mas que a implosão da estrutura inteira, às vezes, é a coisa mais sábia a se fazer em determinados momentos.





É... mais uma das noites em que a lua cinzenta agarra toda a me
lancolia.

(Olhe para o céu)

Reparou que o céu está diferente?

(Não?)

Mas... talvez eu esteja diferente!