09 fevereiro 2008

Quatro estações

Mais uma carta de amor que nunca mandei e nunca mandarei!


Eu caio de quatro estações por você. Nem sei se os olhos meus ainda Verão os seus.

No Inverno, quando sentir o frio na minha pele, neste momento, mandarei para você meu pensamento, consumido pelo calor que me irradia à tua distância. O frio também queima como a minha vã insistência. A sua frieza é uma chama.

E quando eu te falo, minha estação é o Outono. Eu sou como as folhas secas que tanto adoras, mas pisas. Da tua árvore, caem de amores estas minhas folhas amarelas. Acho que gostas de ouvir meus estalos, igual a madeira a arder, crepitando na fogueira. Seu ego alimenta este fogo, bem de longe, jogando sal. Afinal, quer quer colocar a mão no fogo para se queimar?

Na Primavera, enfim, sentirás distante o perfume da uma margarida. Aquela flor tão ímpar e bela , que desabrocha uma única vez, a espera do amor-perfeito.

Queria tanto escrever sem enigmas, sem os vãos das entrelinhas, sem estas metáforas distantes do alcance de suas metas, sem estas mensagens criptografadas. Sou a esfinge que você decifra, mas não devora. Quem sabe um dia. Mas, sempre encontro um campo de batalha, totalmente minado. Ah se eu pudesse guardar as armas e pedir trégua. Não quero fogo amigo. Eu quero é fogo cruzado. Queria ser mais óbvia, menos obtusa, menos abstrata.

Queria te mandar esta carta. Queria te falar tantas coisas. Vomitar estas palavras engolidas inteiras, presas na garganta, indigestas no meu coração. Queria você, não no futuro do pretérito, não no pretérito perfeito, nem no mais que perfeito. Não do modo subjuntivo, nem no Indicativo. Quero você no imperativo! Quero o teu presente. Quero você além das palavras, além de toda compreensão. Quero você dentro de mim.

Não é você, mas agora sou eu a voar para bem longe. Não vou mais conviver com a tola esperança de te encontrar. Nem serei mais uma voz.

Não terás mais teu antigo brinquedo preferido. Para você o meu coração é inflável. Aquele objeto guardado numa caixa vazia no fundo do armário e que enches para ter diversão. Eu fico cheia de ar. Como é bom este ar comprimido. Preciso de comprimido para estar mais leve. Estou comprimida e vazia, mas cheia das minhas vontades. Meu ego também é inflável. É só soprar palavras doces no meu ouvido, que as esperanças enchem o meu coração. Flutuo então no continuum do espaço entre nós, numa etérea leveza. Depois, quando você me esvazia de promessas veladas não cumpridas, eu caio, lentamente no chão.

Estou de saco cheio! Não sei como terminar isto aqui. Nem mesmo sei se esse universo artificial particular tem fim. Eu sou a Mulher Invisível. Escolhi o Super Herói errado.
Seria um casal bonito: O homem do amor-perfeito e a mulher margarida. Quero a minha superexposição em contato com a tua pele. Preciso neutralizar seus poderes sobre mim.




É.............. Este texto está realmente a "minha altura".






Meço 1,71 .




Mas mesmo assim eu uso salto alto...