26 outubro 2007

Um pouco de mim...

Eu nasci com um certo medo de incomodar, depois de um tempo comecei a ser eu mesma pra saber se o medo tinha fundamento. Não sou alvoroçada, barulhenta, quando estou alegre eu rio alto, faço piada de tudo, rio de mim mesma. Isso vai dando uma coragem na gente de ter mais luz. E aí a tal beleza exótica que sempre me disseram que eu tinha passou a ser um elogio. Antes eu ouvia isso como uma forma que a pessoa tinha de me dizer que eu não estava certa, ou se eu era bonita ou feia, mas nasci velha... angustiada com questões tão mais abstratas que nem tive muito tempo de criar complexo, mas pra investir em amplexos. E fui criada em meio à todos sozinha, fazendo o almoço com 6 anos de idade e acordando às 5hs pra preparar o café-da-manhã antes de ir pra escola. Mas sempre estudei com vontade. Na adolescência eu mesma me disciplinava menina por vontade que eu tinha de cuidados comigo, me enchendo de auto-restrições dentro da vontade de transgredir que todo adolescente tem. E sempre fui uma criança melancólica, preocupada com os problemas dos adultos, porque os arianos são assim, nascem disciplinados, responsáveis demais. Um dia ouvi duas mães de amigas minhas comentando: "essa menina é como uma fruta fora de estação que amadureceu à força". Nem entendi na época. Hoje, minha mãe me chama de MÃE! Não vejo tristeza nenhuma nisso, maturidade é uma coisa que facilita demais a vida da gente. É estranho, mas entendo dores que nunca tive. E tive dores que ninguém teve, mas nunca banalizei nenhuma. Porque parece que tudo dói do mesmo jeito e aprendi a cuidar do outro de uma maneira que não me souberam. Daí, descobri os amigos. Não rivais, amigos. E também descobri o desejo de um corpo por outro corpo, bem tarde já, pra época que estamos. E sempre tratava melhor amigo que namorado, porque antes de conhecer o Pedro nunca consegui me sentir pertencendo a nada, a ninguém. Eu sofria demais com a idéia do abandono. Pelo menos, amizade seria eterno e duraria. É porque abandono tem o acostamento largo, além de ser estrada deserta e escura. Nunca parei pra trocar pneu na estrada do abandono, mas sempre me deixaram sozinha, depois de um falso amor, no estrado de uma cama ou na estrada deserta. Sem nada nem ninguém. Mas eu tinha a mim mesma.
Eu negocio com essas coisas todas, com perdas, vejo ganhos em danos, não fui criada com danoninho, mas com tutano de boi. Quase não se vêem as costelas no meu corpo, sou robusta emocionalmente. Tenho a mão pesada, o corpo macio pro afeto. Tenho doçura sem ser meiga e minha voz é forte e clara. O meu colo é largo, sem que eu seja gorda. E o meu nome se parece muito com meu jeito.
Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
Minhas flores eu planto no papel reciclado.
As outras, eu presenteio.
Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket
Ele não declama mais poemas, mas desata em mim um monte deles, como sempre. E fui dormir mesmo sem sono, porque somente nos meus sonhos a nossa história acaba bem.