31 outubro 2007

Poente


( ...às vezes penso que tenho que cortar algumas coisas na minha vida... bom, acho que vou começar pelo cabelo... )
*
Deita tua voz em meus ouvidos ferindo a castidade que me faz dormir tão cedo.
Preciso das pontas dos teus dedos para que a insônia crave em mim as suas unhas
e eu te guarde, enluarado, entre os meus segredos.
Desenrola teu desejo sobre a minha pele crua para que a minha boca beba na tua,
esse hálito de flor.
E provoque uma súbita troca de posições
onde meus cabelos pendam sobre o teu rubor.
(Para que eu me despeça da maldade do querer entardecido de ausências
deita tua fome em nossas pendências).
E deixe que o dia brote do horizonte como se fosse do mais íntimo da gente:
adormeceremos ensolarados e castos
como o poente.