01 outubro 2007

Obscuro


Ainda constam no céu as últimas estrelas.
Meus pecados começam a se expor sob a luz do romper do dia!
Sinto-me nua, como se toda minha vida estivesse lá fora.
Aperto o travesseiro contra o peito, o dia, inevitavelmente, chegará!
Não quero luz, não quero nada além do que me mostra a noite: meu próprio eu!
Tomada de uma fúria repentina, fecho as cortinas, envolvo a casa num manto escuro: nada de luz!
Quem sabe o tempo pare e o dia desista de nascer!
Mas de nada adianta...
Mesmo coberta sob a segurança negra de meus aposentos, não consigo impedir o primeiro pardal que pousa em algum lugar a zombar, com seus "pius", da minha infelicidade: o dia nascera, de novo!
Não... não pode ser verdade!
Recuso-me a levantar da cama...
Não notarão minha falta.
Assim como nunca notam minha presença.
Porque me preocupar?
Volto a insignificância de meu ser, lavo meu rosto em frente ao espelho e sigo, repetindo para mim mesma, como uma pessoa comum, minhas próprias convicções.
E saio, caminhando pela rua, sob um Sol de trinta graus...
De nada adianta: é só mais um dia vencido pelo cansaço!