11 outubro 2007

Na tua porta

Desobedeço a pressa e me demoro criando um verso torto pra nossa história...
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Desembaraço meus cabelos com os dedos pontiagudos do teu desprezo. “Desestabeleço” as regras que você criou pra não me ver e apareço nua à tua porta numa dessas madrugadas frias. E deixo você tenso quando tento, argumento, deito ao lado. Diz um não cheio de sim e deixa: me abraça todo contrariado. Fico rouca pra sussurrar no teu ouvido melodias eróticas. Por que você não me quer ainda? Se eu danço dentro dos teus olhos e embaço tuas retinas de desejo... Espalho sorvete no seu corpo e sorvo inteiro o líquido já arrepiado. Sua mágoa tola respinga em mim e eu não ligo. Se é o desejo que faz minha boca macia pra você beijar... E é no suspiro do último prazer que eu me contorço inteira em chamas azuis... Rabisco clavas de sol com a língua no seu sexo e engulo o seu ressentimento leitoso. Você geme forte e nada diz. E é nesse intervalo silencioso, que bebo no teu sêmen tua semântica. Vou embora para que me peças para voltar, e é com voz flácida que me despeço com um adeus que eu nunca quero dizer... E só pra que não fiques sem resposta, deixo o adeus pregado ali: do lado de fora da tua porta.