Setembro

Quero apenas que o hoje termine rápido. Que as horas corram sobre os minutos.
Sozinha, já não preciso conter lágrimas nem forçar sorrisos....
Cheguei a casa e olhei a volta, hoje não vou ser mera espectadora da minha própria vida, hoje vou fazer o que tiver vontade...
Despir-me, deixarei a roupa espalhada pelo chão, tomo meu banho, sinto um prazer único, a água quente, a espuma... hoje chorei tudo o que tive vontade...
Hoje estou a pensar ir dormir cedo, não consigo ler, as letras fogem de um lado para o outro parecem que não se querem deixar ler, (Sei de cor ,cada traço do teu rosto do teu olhar, cada sombra da tua voz, e cada silêncio cada gesto que tu faças meu amor sei-te de cor) esta musica faz-me recordar... de ti.
Já fechei todas as janelas de casa, já "corri" a casa toda, nem sei bem porque, como quem esta a procura de alguma coisa, mas o que... afinal estou sozinha.
Sentei-me no escuro, esperei por ti tanto tempo, tanto que eu nem sei dizer, para que, afinal sei que tu não vens... Poderia esperar horas, dias, séculos inteiros, nada disso é tempo demais, mas a escuridão começa a me arruinar.
Sinto-me sufocar aqui fechada a olhar pela janela, o pensamento corre rápido... Sem pensar, corro para a porta e olho, alguma coisa me chama, olho os meus pés descalços, e penso, porque não...? (sinto-me menina)
As primeiras chuvas salpicavam a noite.....
Fui lá para fora e andei na chuva, sem medo da trovoada para apanhar o fresco da água, olhei para o céu fechei os olhos e ali me deixei ficar, mergulhada naquele aroma que era de origem de todas as coisas, de regresso, de primeiro momento: o perfume da terra que se levanta com a força das gotas grossas, o cheiro das primeiras chuvas depois dos tempos de calor.

Cheira a Setembro, pensei.

Se alguém perguntar por mim, digam que parti...
...talvez eu volte quando eu me encontrar! .