25 agosto 2007

Penumbra


Transpiro saudade pelos ossos
A face pálida, por vezes rubra
Denuncia a penumbra
E o sofrimento nos meus olhos
Por que não cala-te
E adormece nesse peito ?
Carrasco do meu silêncio
Leva! Afasta de mim
Os vestígios dessa lembrança
e quem chora pela ausência
E teme pela distância
Porque minha alma
Não suporta tanta angústia
Porque meu lamento
Aos teus ouvidos é música
E aqui nesse claustro
Prisioneira de mim mesma
e desfaço com o medo
Enlouqueço... Adormeço...
Por que tu és fogo que não arde
És saudade que me invade
Destrói... Devora...
Não lembro quantos sorrisos
Cabiam em meu rosto
Tanto ardor ! E quanto desejo !
Mas tu levaste todos...
Se Deus soubesse
Da minha existência
Não iria permitir
Tuas ofensas...
Por que me torturas
E não me condena ?
Por que me deixa morrer de tristeza ?
Meu corpo é meu templo
É o resto em ruínas
É esquife do espirito
Que renuncia a vida...
Tu és a voz profana
Que ecoa em meus ouvidos
É a noite, é meu drama
Meu ritual de suicídio
Transpiro saudade pelos ossos
A face pálida, por vezes rubra
Denuncia a penumbra
E o sofrimento nos meus olhos...