25 abril 2008

Anoitecer...


Inevitavelmente eu sei que vou anoitecer. E que quando eu abrir os olhos estarei só. Involuntariamente só. Em outro lugar que não o meu. E tudo estará tão diferente que a minha imagem no espelho não reconhecerá as próprias marcas e nem meus olhos saberão minhas mãos. E a casa será outra, abarrotada de coisas que nunca foram minhas e nem serão. E tudo o que é meu será amontoado num canto, aguardando o momento de poder existir denovo. E aqui dentro eu encaro o vazio que anuncia. E a mudança de estação que chegou fora de hora e de órbita. Não há um só milagre visível pela frente. Seria melhor se chovesse de uma vez.