27 fevereiro 2008

Quando...

Quando a gente conhece uma pessoa, construímos uma imagem.
A imagem tem a ver com as nossas expectativas e mais ainda com o que ela "vende" de si mesma.
É pelo resultado disso tudo que nos apaixonamos.
Se a pessoa for parecida com a imagem que projetou em nós, desfazer-se dela, mais tarde, não será tão penoso.
Restará a saudade, talvez uma pequena mágoa, mas nada que resista por muito tempo.
No final, sobreviverão as boas lembranças.
Mas se esta pessoa "inventou" um personagem e você acreditou, virá um processo mais lento: a de desconstrução daquilo que você achou que era real.
Desconstruindo Ana, desconstruindo Marcos, desconstruindo Carla.
Milhares de pessoas vivem seus dias aparentemente numa boa, mas por dentro estão "desconstruindo ilusões".
Tudo porque se apaixonaram por uma fraude, não por alguém autêntico.
Ok, é natural que, numa aproximação, a gente "venda" mais nossas qualidades que defeitos.
Ninguém vai iniciar uma história dizendo: muito prazer, eu sou arrogante, preguiçoso e cleptomaníaco.
Nada disso, é a hora de fazer charme.
Uma vez o romance engatado, aí as defesas são postas de lado e a gente mostra quem realmente é, nossas gracinhas, manias e imperfeições.
Isso se formos honestos.
Os desonestos são aqueles que fabricam idéias e atitudes, até que um dia cansam da brincadeira, deixam cair a máscara e o outro fica ali, sem entender absolutamente nada.
Quem se apaixonou por uma mentira, tem que desconstruí-la para "desapaixonar".
É um sufoco. Exige que você reconheça que foi seduzido por uma fantasia, que você é capaz de se deixar confundir, que o seu desejo é mais forte do que sua astúcia.
Significa encarar que alguém por quem você dedicou um sentimento bacana não chegou a existir, que tudo não passou de uma representação.
Talvez até não tenha sido por mal, pode ser que esta pessoa nem conheça a si mesma, por isso ela se inventa.
Sorte quando a gente sabe com quem está lidando: mesmo que venha a desamá-lo um dia, tudo o que foi construído se manterá de pé.
Afinal, todos, resistimos muito a aceitar que alguém que gostamos, mas que a máscara um dia caiu e mesmo que depois tenha sido colocado de volta, não é, e nem nunca foi, ESPECIAL....






Fiz este texto hoje, porque é isso mesmo que penso das coisas. Eu conheci ele sem mascaras, sem fantasias, sem medos, sem meio-termos. Conheci no seu mais íntimo, no que ele é e da forma que o fazia feliz, ou seja, sendo ele mesmo em tudo, no sorriso, na lágrima, na palavra, na escrita, e até mesmo nas palavras ditas da forma mais meiga com voz de criança, porque era exatamente aí que eu me apaixonei, na pureza de um coração que ninguém havia reconhecido antes. Mesmo que ele me diga que não.







E eu também pude ser eu mesma, não fui fantasia e nem ilusão e nem tirei proveito de carência...
Eu fui a Regiane e ele foi o Pedro.
E continuo sendo a Regiane, mas ele....... talvez não seja possível.





Mas assim como minhas margaridinhas, elas nascem, crescem e morrem. Assim sou eu todos os dias. E tem horas que a saudade aperta... doi... mas então tenho que aprender a cultivar a saudade também, não é mesmo???......