É por já ter chorado tanto que também tenho a certeza do amor que vivi. Sei muito bem que rocei com a mão no céu... E essa alegria ninguém me tira.
29 dezembro 2007
Caminhos
De todos os caminhos que já percorri O do coração é mais longo No sonho somos capazes de correr E voar, o coração parece parar. Diante de pensamentos Mesmo que sejam muitos Como se fosse uma luz Fixarmos um pensamento Numa única coisa No sentimento Não deixando passar O amor que nos faz sonhar.
Perdi algo que me era essencial. Assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que fazia de mim um tripe estável. E perdendo essa terceira perna eu voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que sempre tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência dolorosa da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma pessoa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.
Não tenho mais os olhos de menina nem corpo adolescente, e a pele translúcida há muito se manchou. Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins. (Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.) O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos. A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria, busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada. Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora: esses dourados anos me ensinaram a amar melhor, com mais paciência e não menos ardor, a entender-te se precisas, a aguardar-te quando vais, a dar-te regaço de amante e colo de amiga, e sobretudo força — que vem do aprendizado. Isso posso te dar: um mar antigo e confiável cujas marés — mesmo se fogem — retornam, cujas correntes ocultas não levam destroços mas o sonho interminável das sereias. (Canção na plenitude - Lya Luft)
Minha visão periférica por si só é uma incontida declaração de amor... Pois só vejo você, sua sombra, e seu reflexo para onde quer que eu olhe... Seja para fora, seja para dentro de mim!
Mesmo que aquele teu sorriso não seja pra mim eu sonho que um dia seja... Mesmo que o teu olhar não olhe em minha direção eu sonho que um dia olhe... Mesmo que a flor que você comprou ainda não seja para mim eu sonho que um dia seja... Mesmo que a lua ainda não ilumine nós dois juntos, eu sonho que um dia ilumine. Mesmo que aquele teu doce poema não seja escrito para mim eu sonho que um dia seja... Mesmo que tuas mãos ansiosas toquem ainda um corpo que não é o meu, eu sonho que um dia o meu toque... Mesmo que o teu sonho intenso e molhado não reflita minha imagem, eu sonho que um dia seja... Porque, quando eu realizar meu sonho sei que tu sonharás que seja esta a nossa realidade para sempre.
Pode ser que eu deixe que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida. E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz. Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado. Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados. Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada. Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado. Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face. Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada. Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite. Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa. Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço. E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado. Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos. Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir. E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das estrelas... Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
MEU REI
Não tente me entender... pois é pouco provável que você consiga... Sou qualquer coisa que ainda não inventaram, um produto que escapou da série, uma combinação de opostos que se harmonizam sei lá como ou por quê. Minha alma se compõe de sorrisos largos e dores agudas. Viajo de extremo a extremo em segundos e a intensidade explode dentro de mim a todo instante. Sou um pouco de tudo o que vejo e muito do que nunca vi. Vivo numa busca incessante pelas coisas e pessoas que ainda não encontrei para tentar aliviar a saudade que sinto de tudo aquilo que desconheço. Sou alguma coisa entre o sol e a lua. Nem dia, nem noite: um fim de tarde! Caminho por entre cores e brilhos que não entendo, mudo de tom todos os dias. Ando como quem perde o norte, procuro como quem foge. Do mundo, dos outros, de si. Não sei de quantas palavras me faço, nem sei em que versos me acabo. Sou aquilo que preciso ser, quando aquilo que eu quero ser já não me cabe mais.
Acredito nas pessoas, especialmente naquelas em que habita algo mais que a humanidade. Naquelas que, às vezes, a gente confunde com anjos... Falo daquelas pessoas que enchem nosso espaço com pequenas alegrias e grandes atitudes... Pessoas que não precisam fazer jogos para conseguir o que buscam, porque seus desejos são realizados por suas ações e reações, não por seus caprichos... Prefiro acreditar em pessoas, que reverenciam a vida com a mesma intensidade de um grande amor... Que passam pela Terra e deixam suas marcas, suas lembranças, que deixam saudades e não apenas rastros... Pessoas que habitam o perfeito universo e a perfeita ordem nele existente... Pessoas de alma limpa e puros de coração... Como você!
Os minutos que nos uniram são mais poderosos que os séculos... E a luz que iluminou nossas almas é mais forte que as trevas. Se a tempestade nos separar neste mar encalorizado, a maré nos juntará naquela praia mansa e tranquila... Se a vida nos matar, a morte nos ressuscitará.
Eu tento todo dia e não consigo... Viver sem teu calor... O tempo passa mais em minha vida... Meu mundo perde a cor... Eu vou vivendo sem achar motivo... Como esquecer a dor... Talvez encontre a luz da minha vida... Pra não morrer de amor...