11 novembro 2007

Um livro

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( Não, não escreveria um livro, sou péssima na escrita, também não iria conseguir, afinal nem conquistar ele eu consegui... Mas se eu tivesse feito... e comentasse algo de algum trecho... )...
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...Eu omiti que ia publicar um livro com a nossa história real. Foi de pirraça e de amor não correspondido que eu escrevi aquilo tudo. Mas saiba, eu cuidava pro meu coração não acreditar naquela tristeza, você sabe, eu não sou assim. Eu só consegui, mesmo com meu coração tão apertado, falar do amor do jeito que a gente acreditou um dia nas primeiras frases. Depois tive que escolher cada uma daquelas palavras ácidas porque não podia levar teu personagem pra guilhotina, o protagonista não pode morrer no meio da trama. Mas eu não sabia mais o que fazer, eu queria desistir do teu personagem porque me doía inteira ele sendo. Escrevi desgostosa tuas desventuras, entenda, eu era a narradora onisciente, eu era deus naquela ocasião e você havia me magoado tanto na página 143. Pode parecer loucura, mas não fui eu quem escolheu você me acompanhar até o taxi como quem entrega um pacote. Não podia ser num cenário mais mal-composto. Como autora, eu pensei que pudesse ser a mulher mais incrível do livro, a mais sedutora, a mais amada. Mas parece que teu personagem foi me dominando, querendo me magoar, querendo me fazer sentir que eu era só mais uma. E, quando eu achava que tinha todo o controle da situação, você me surpreendeu no final do capítulo cinco, arrumando qualquer tipo de mulher só para ficar fora das minhas páginas. Desculpa eu ter sentido tanta raiva, mas as pessoas vivem essas coisas, até as mais espiritualizadas. Eu tive muita raiva de ser a narradora de uma história que eu não controlava mais. Você podia ter me poupado da sua autonomia, mas saiu, no meio do parágrafo, se entregando a qualquer uma, saltando minhas vírgulas, tropeçando minhas aspas, desrespeitando meus parênteses. Eu tinha escrito uma cena na praia, no finalzinho da tarde, essas coisas que englobam uma lua inédita e roupas espalhadas pelo chão, enquanto o casal toma um banho de mar num clima romântico. Mas a sua rebeldia me fez se humilhar para você e ficar discutindo sozinha meu ciúmes exagerado num capítulo inteiro. Você bagunçou todo o meu roteiro. Foi por isso que queria uma forma de fazer com que o seu personagem tivesse mais defeitos que charme. Eu queria ferir tua vaidade usando teu nome e sobrenome verdadeiros para que não houvesse dúvidas de que era sobre você que eu estava falando. E soterrar todas as suas qualidades naquele bloco de texto. Mas nunca faria isso, isso me é impossível faze-lo... Eu omiti que ia publicar um livro com a nossa história real porque eu não queria que você descobrisse, antes da primeira edição esgotada, que a tua crueldade ia me render um best-seller.
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Eu só escrevo por não saber o que fazer com as mãos, já que não tenho você pra te tocar.