12 setembro 2007

A dor do desprezo


Existem momentos em que fico profundamente desapontada e, por quê não dizer, triste. É que às vezes, a gente espera uma outra atitude de alguém que nos é importante. Às vezes, esperamos, talvez, a mesma atenção que temos para com a pessoa. Quando eu gosto de alguém, costumo ser cuidadosa, não quero de forma alguma magoar e nem por em risco absolutamente nada. Penso nas palavras que falo, presto atenção nas minhas ações, tudo para ter certeza de que não corro o risco de ferir quem amo.

Seria bom se todos fossem assim, não é mesmo? Mas, infelizmente, a maioria das pessoas está muito mais preocupada consigo mesma do que com os outros. Às vezes, nem é por mal, acontece apenas por descuido ou qualquer outro motivo, pois ainda não aprenderam que somos interdependentes e, amanhã, a pessoa desprezada poderá de alguma forma ser necessário novamente. Richard Bach já escreveu um dia que devemos tomar cuidado ao bater uma porta, pois poderemos querer voltar.

É lamentável que grande parte das pessoas viva somente prestando atenção em seu próprio ego e tudo o que diga respeito a ele. É quase como se as outras pessoas não existissem. Ora, mas isso é um absurdo. Diariamente nos deparamos com as “outras pessoas” que fazem parte de nossas vidas. Elas também têm ego, anseios, desejos, problemas, dificuldades, sonhos, e acima de tudo (não podemos nunca esquecer) sentimentos.

É muito fácil magoar uma pessoa. Basta mentir, gritar, deixar a pessoa de lado, enganar, usar de falsidade, fazer promessas que não se cumprem, ignorar, fazer o outro crer que é um “nada no mundo”. Isso tudo é “tiro e queda” para deixar alguém lá embaixo. Difícil depois é recuperar o estrago feito, quando a pessoa tomou consciência de como foi ludibriada e ao mesmo tempo sente-se um lixo no mundo. Muitos casamentos terminam assim, muitas amizades, muitos laços de parentesco. “Quem ama, cuida” é o que diz o provérbio. Para essa frase, não existe meio termo.

O problema é que nem sempre nos damos conta de que aquela pessoa nos é importante. Achamos que ela é apenas mais uma, e que se ela for embora desta vida, isso não nos fará a mínima diferença. Afinal, com tantas pessoas à nossa volta, porque teríamos de nos preocupar justamente com essa? Eu gostaria de lhe fazer uma pergunta que precisa de uma resposta sincera, e pode ficar tranqüilo que não terá de responder para mim, somente para você. Será que existe um outro alguém que goste de você tão sinceramente quanto eu? Será que sou tão prescindível assim? Consegue imaginar um amigo mais fiel e mais honesto com você, que nunca lhe esconda a verdade? Será que pode realmente descartar-me da sua vida e nunca mais se pegar pensando e muito menos lembrando de algo referente à mim?

Se você tem dúvida não deixe acontecer o pior, pois pode ser que você nunca mais me veja... É que as pessoas se magoam, sofrem, choram quando são enganadas, desprezadas, humilhadas. Nem sempre a gente se dá conta do estrago que pode fazer na vida de alguém. É muito triste ser verdadeiro com pessoas que não sabem valorizar o que é isso. Mas, preste atenção, o tempo é implacável e trará luz sobre esses episódios. Não haverá quem deixe de testemunhar a verdade.

Até você já foi desprezado por quem “não vale o feijão que come”. Deus está vendo tudo. Foi Jesus quem disse que não devemos dar coisas santas aos cães e nem pérolas aos porcos. Se você está cansado de ser ignorado, dê um basta em tudo isso. Tem gente que só aprende a dar valor para quem merece quando acaba perdendo, mas aí não se chama amor, se chama interesse, conveniência... Agora, se você foi quem “pisou na bola”, corra. Quem sabe ainda dá tempo de reverter o prejuízo.