25 novembro 2007

Meus beijos

Se você tem um baú.
Ou uma caixinha de jóias
Quem sabe um cofrinho.
Ou saco plástico, bem grande.
Use para guardar meus beijos.
Eles se escassearam com a distância.
São como um rio enorme, secando.
Minha boca agora é um arquivo morto.
.
Guarde bem meus beijos.
Tenho todos os seus aqui.
Guardei-os carinhosamente.
Número de série, código de barras.
Cataloguei, datei, beijei de novo.
Deixaste em mim a impressão labial.
Como disse Augusta: boca benta de paixão!
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Guarde bem meus beijos.
Com todo o meu carinho.
E surpresa de um amor inédito.
Ainda que o mundo andasse para trás.
Eu te beijaria novamente, em dobro.
Beijaria-te lentamente, mais fundo.
Beijaria-te ardentemente, crepitando.
Fecharia os olhos e guardaria o teu beijo.
Para sempre em minha boca.
Benta de saudade.
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Meu sono é interrompido de duas em duas horas por uma tristeza que não dá trégua, eu olho para o teto, fecho minhas mãos com uma força que quase faz com que minhas unhas cortem minhas palmas e deixo a onda da dor vir, ela me sacode inteira, me joga numa profundidade sem som e me afoga por completo. Abro as janelas porque preciso de ar, mas nunca tem ar para meu pulmão afogado. Coloco o santinho que meu avô me deu no peito e peço a ele: você já morreu por amor, não deixe acontecer o mesmo comigo.
Amar dói tanto que você volta a lembrar que existe algo maior, você se lembra de Deus, você se lembra de vida após a morte. Amar dói tanto que você fica humilde e olha de verdade para o mundo, mas ao mesmo tempo fica gigante e sente a dor da humanidade inteira. Amar dói tanto que não dói mais, como toda dor que de tão insuportável produz anestesia própria.
Não adianta, não vou dormir mais. Mas vou fazer o que então? Em minha cama me lembro de você... beber água me lembra você... viver me lembra você.
Vou me levantar agora e ir para onde? Tomar banho? Tomar café? Não tenho nenhuma vontade de existência, seja de vaidade ou gula. Só quero ficar deitada, mas ficar deitada também dói. O mundo não tem posição confortável pra mim, aonde vou, essa merda de dor horrível vai junto.
Chorar não adianta, eu seco de tanto chorar e não passa. Ver TV, falar ao telefone, escrever, ler… nada adianta. Se está chovendo eu choro, porque eu queria ouvir o barrulhinho da chuva deitada ao seu lado... se está sol, e eu choro porque você ficava feliz com o sol e você feliz era tão perfeito que eu tinha medo. Eu abro o guarda-roupas e me entristeço porque eu não quero ficar bonita, eu não quero dar a volta por cima, eu não quero ficar bem pra você pensar que eu estou bem e quem sabe ter saudades. Choro porque acho ridículo os jogos da vida, qualquer coisa é ridícula perto desse amor que é tão simples e óbvio.
Nada, nada aconteceu para o mundo. E eu me sinto minúscula e sozinha por não ter a cumplicidade da vida lá fora, por ter que sentir tudo isso sozinha.
Odeio a ordem de tudo, odeio a funcionalidade de tudo, odeio que a TV ligue, que o telefone toque, que meu estômago peça comida, que japonesas riam fora de hora, que meu carro corra, e, principalmente, que você esteja longe de mim.
Eu era sua, a sua menina, a sua criança, a sua parceira de dar risada de tudo, a sua namorada, a sua melhor amiga pra dividir segredos da alma... Eu era a mulher que te olhava apaixonada e que sabia que meus olhos brilhavam quando eu olhava para você, e que sabia que tinha nascido a partir de você, eu era a mulher que esperava sofridamente a oportunidade de te ver, mas que nunca deixou de te amar mesmo quando não podia te tocar.
Todo mundo me fala que eu preciso ser minha, inclusive pra ser sua, mas eu não deixo de olhar para o espelho e ver uma metade de gente, uma metade de sonho, de sexo, de alegria e de futuro.
Eu sou mesmo uma metade sem você!
Se antes de você aparecer eu já te amava, eu já te esperava, eu já sabia que você existia, como eu posso não te amar agora que você tem forma, sorriso, coração e nome?