08 novembro 2007

Dou-te o paraíso, mas necessito do teu perfume...

Hoje eu acordei indócil como são as fêmeas que clamam pelo sêmen. Das que querem beber o líquido quente e viscoso que o verbo derrama no ventre da poesia. Indócil de energia represada, desse ardor inclemente, da vontade da palavra molhada, e essa intimação para o passeio lúbrico entre as frestas. Indócil, súbita e assumidamente oferecida. Daquelas que se despem salivando penetrâncias. Crestada como flor ao sol enxugando-se do orvalho. Planta carnívora, suor íntimo de mar, um cheiro fresco de mato. Banho de rosas vermelhas, recendências de almíscar, sinfonia de gemidos. Indócil de tanta força entre as pernas, predadora consumindo a presa entre as coxas.
*
Dispenso pontes, despeço pudores, despisto a distância
e atravesso a nado o rio...
Porque hoje eu acordei indócil dessa vontade de tê-lo...