09 novembro 2007

Desejos profanos

Minha boca percorre o teu corpo tremendo
Descobre cada espaço escondido
Minha boca perversa e doentia
Sem fé, nem compaixão
Com paixão testam os teus instintos
E provam o teu desejo
Vagueiam por entre os selvagens sonhos
Escorregam pelos minúsculos e ausentes pelos sobre a pele
Um arpejo, um solfejo
Uma música, concerto para piano
Em que a minha lingua é de um compositor
Que descobre a escala de sustenidos
E o piano é o teu corpo
As brancas, a pele
As pretas, o suspiro
A acompanhar, uma orquestra de arfares
De inspirações e expirações...
Há um sabor a prazer na minha boca
E um cheiro a ansiedade no meu cabelo
Os corpos fundem-se
E já não sei qual é o meu...
Talvez sejam ambos teus...
Eu, por mim, dou-me por completo
Caminho como que em suspenso
Pairo no grito...
Não resisto!
Não me tentes, não me experimentes
Neste momento não tenho controle sobre os meus atos
O calor sobe e trás-me a lágrima
Sinto-me livre e maior
Sinto-me presa e frágil.
Não podes imaginar o poder que tens sobre mim
E sobre ti, a minha boca
Continua a jornada
Descobrindo, explorando
Fugindo, resistindo
Falhando, brincando
Manipulando, cercando
Tremendo, morrendo.
A minha boca...
Tão frágil ou ágil?
Tão fermente ou incompetente?
Tão certa ou liberta?
Tão frequente...
Tão dormente...
Tão carente...
Inocente!
Os meus lábios tocam os teus
A minha lingua prova a tua
A tua respiração controla a minha
e minha voz segue a tua...
*
*
Às vezes chego até mesmo a sentir
O teu corpo em minhas mãos...